A Finep comemora 30 anos de existência com um saldo de US$ 8 bilhões e 1.200 projetos
Enquanto se comemorava o vôo do avião brasileiro - série Tucano , os lançamentos do primeiro robô submarino nacional para prospecção em águas profundas e do comprimido AZT - totalmente desenvolvido no país para tratamento da AIDS - muitos não lembraram da instituição que possibilitou a realização destes e de outros avanços tecnológicos. Mas, ao comemorar 30 anos, a Finep - Financiadora de Estudos e Projetos, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT, mostra a movimentação financeira de US$ 8 bilhões e presença na realização de 1.200 projetos, além de ser responsável pela criação de mais de 1.500 cursos de pós-graduação em todo o país. O apoio financeiro, originário de recursos públicos do governo federal, tem como proposta apostar nas idéias e na capacitação de cientistas e empresários. "A fórmula técnica da iniciativa não deixa dúvidas: o saldo é positivo", enfatiza o diretor-presidente Lourival Carlo Mônaco.

Quando foi criada, na década de 70, a instituição nascia com o objetivo de desenvolver a engenharia. Era a época do crescimento das obras públicas. No ano seguinte, a Finep passou a ser a Secretaria Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e com a possibilidade de utilizar dois instrumentos: Finep empresa - financiamento sustentado com retorno e a secretaria do FNDCT - investimento a fundo perdido, dirigido ao desenvolvimento científico, gestão de conhecimento e formação de infra-estrutura, a entidade promoveu o desenvolvimento tecnológico do país.

Com a política de não somente realizar o que o governo se propõe, mas também antecipar-se às oportunidades, a Finep deu um grande salto na década de 80. Os projetos de engenharia continuaram a fazer parte da instituição, mas era impossível fechar os olhos para o que começou a acontecer. Empresas de software e hardware necessitavam de apoio financeiro e o órgão decidiu entrar no páreo. "Começamos a investir na promoção de empresas de software/hardware. Participamos com capital de risco", explica Mônaco.

Atualmente, o foco está nas pequenas empresas de software. Em parceria com o Sebrae, são feitas análises de projetos neste setor e disponibilizados, no prazo de 30 a 45 dias, financiamentos de até R$ 100 mil, dependendo do resultado obtido na avaliação do projeto.

Para a conquista de outros mercados, além do brasileiro, a Finep criou, no ano passado, em parceria com a SOFTEX, o Programa de Desenvolvimento de Software para Exportação. A idéia saiu do papel com uma receita de US$ 25 milhões a serem investidos e já conta com 38 projetos. Aprovados na primeira etapa do programa, os softwares made in brazil to the world estão sendo desenvolvidos a todo vapor. As empresas aprovadas deram uma contrapartida no valor de 10% do financiamento, terão 02 anos de carência e poderão financiar o pagamento da dívida em até 04 anos. Quem ficou de fora da primeira etapa terá nova chance. Com data ainda a ser definida, será lançado um novo edital no segundo semestre deste ano.

Outro programa da Finep visa difundir o software nacional. Como parceira, a instituição conta com a Assespro. Na prática, os softwares nacionais têm seus preços reduzidos em 50% e para as universidades este valor cai em 95%. "É de extrema importância que o estudante tenha acesso ao software nacional", ressalta Mônaco. Ainda apoiando a educação - um outro projeto, também em parceria com a Assespro, financia softwares educacionais para as escolas.

Há outros investimentos pioneiros como a implantação da Rede de Supercomputadores. E a intenção de construir este projeto de alta velocidade, oferecendo acesso a empresários que necessitam realizar cálculos, utilizar CAD/CAM (software de computação gráfica), tudo a baixo custo, já é realidade nas cidades de Campinas, Cachoeira Paulista, Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Expectativas - Em 98, o diretor presidente, Lourival Carlo Mônaco, aposta em novas metas. Para isto, a instituição está investindo na descentralização e automação do atendimento . "Iremos dar continuidade às várias linhas de financiamento e até o ano 2.000 o objetivo é atender a 10 mil pequenas empresas, integradas em rede on line. Seremos enfáticos no apoio aos pequenos empreendimentos voltados à exportação e buscaremos a cooperação internacional para melhorar a capacidade das empresas nacionais. Concluiremos o apoio à Telemedicina - atendimento médico à distância e implantaremos o Projeto de Estudo das Águas - um dos nossos maiores bens que está ameaçado de extinção", declara Mônaco.

Informações sobre a Finep podem ser obtidas através do endereço: http://www.finep.gov.br