"Tipos"
de Português na história
O galego-português
No século XI, com o início da
reconquista cristã da Península Ibérica, o galego-português
consolida-se como língua falada e escrita da Lusitânia. Os
árabes são expulsos para o sul da península, onde
surgem os dialetos moçárabes, a partir do contato do árabe
com o latim. Em galego-português são escritos os primeiros
documentos oficiais e textos literários não latinos da região,
como os cancioneiros (coletâneas de poemas medievais):
-
Cancioneiro da Ajuda - Copiado (na época
ainda não havia imprensa) em Portugal em fins do século XIII
ou princípios do século XIV. Encontra-se na Biblioteca da
Ajuda, em Lisboa. Das suas 310 cantigas, quase todas são de amor.
-
Cancioneiro da Vaticana - Trata-se do códice
4.803 da biblioteca Vaticana, copiado na Itália em fins do século
XV ou princípios do século XVI. Entre as suas 1.205 cantigas,
há composições de todos os gêneros.
-
Cancioneiro Colocci-Brancutti - Copiado na
Itália em fins do século XV ou princípios do século
XVI. Descoberto em 1878 na biblioteca do conde Paulo Brancutti do Cagli,
em Ancona, foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa, onde se encontra
desde 1924. Entre as suas 1.664 cantigas, há composições
de todos os gêneros.
À medida em que os cristãos
avançam para o sul, os dialetos do norte interagem com os dialetos
moçárabes do sul, começando o processo de diferenciação
do português em relação ao galego-português.
A separação entre o galego e o português se iniciará
com a independência de Portugal (1185) e se consolidará com
a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos castelhanos
que tentaram anexar o país. No século XIV surge a prosa literária
em português, com a Crónica Geral de Espanha (1344)
e o
Livro de Linhagens, de dom Pedro, conde de Barcelona
O português arcaico
Entre os séculos XIV e XVI, com a construção
do império português de ultramar, a língua portuguesa
faz-se presente em várias regiões da Ásia, África
e América, sofrendo influências locais (presentes na língua
atual em termos como jangada, de origem malaia, e chá,
de origem chinesa). Com o Renascimento, aumenta o número de italianismos
e palavras eruditas de derivação grega, tornando o português
mais complexo e maleável. O fim desse período de consolidação
da língua (ou de utilização do português arcaico)
é marcado pela publicação do Cancioneiro Geral
de Garcia de Resende, em 1516.
O português moderno
No século XVI, com o aparecimento das
primeiras gramáticas que definem a morfologia e a sintaxe, a língua
entra na sua fase moderna: em Os Lusíadas, de Luis de Camões
(1572), o português já é, tanto na estrutura da frase
quanto na morfologia, muito próximo do atual. A partir daí,
a língua terá mudanças menores: na fase em que Portugal
foi governado pelo trono espanhol (1580-1640), o português incorpora
palavras castelhanas (como bobo e
granizo); e a influência
francesa no século XVIII (sentida principalmente em Portugal) faz
o português da metrópole afastar-se do falado nas colônias.
Nos séculos XIX e XX o vocabulário
português recebe novas contribuições: surgem termos
de origem grecolatina para designar os avanços tecnológicos
da época (como
automóvel e
televisão)
e termos técnicos em inglês em ramos como as ciências
médicas e a informática (por exemplo, check-up e software).
O volume de novos termos estimula a criação de uma comissão
composta por representantes dos países de língua portuguesa,
em 1990, para uniformizar o vocabulário técnico e evitar
o agravamento do fenômeno de introdução de termos diferentes
para os mesmos objetos.
[voltar]