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CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE PETRI NET |
Características
As Redes de Petri Ordinárias, também chamadas de primitivas ou
autônomas (David1994) possuem baixo poder de modelagem por representarem apenas
relações de causa e efeito entre os eventos e as condições. A sua utilização é
restringida, portanto, a diversos tipos de sistemas pertencentes a classe de sistemas
(dinâmicos) de eventos discretos, onde sincronização externa e o tempo não intervêm.
Um dos campos de aplicação mais freqüentes é protocolos de comunicação em sistemas
de computador.Desde que concorrência, sincronização e compartilhamento de recursos
possam ser achados na especificação de tais sistemas, as Redes de Petri são uma
ferramenta muito apropriada para sua modelagem (Murata1981; Berthelot1982).
Na literatura as Redes de Petri geralmente estão divididas em três principais classes:
Redes de Petri Ordinárias (versão original ou modelo básico), abreviações e
extensões.
Numa RdP Ordinária todos os arcos têm o mesmo peso o qual é 1, existindo apenas um só
tipo de ficha, a capacidade de lugares é infinita (isto é, o número de fichas não é
limitado pela capacidade dos lugares), o disparo de uma transição pode acontecer se cada
lugar precedente tiver no mínimo uma ficha, e nenhum tempo é envolvido.
As abreviações correspondem a representações simplificadas que têm por finalidade
facilitar a representação gráfica e possuem o mesmo poder de modelagem das RdPs. Dentro
desta classe estão consideradas as RdPs Generalizadas, RdP com capacidade finita, e as
RdPs Coloridas. Aqui todas as propriedades de uma RdP Ordinária são mantidas com umas
poucas adaptações.
As extensões por outro lado correspondem a modelos para os quais as regras de
funcionamento sofrem algumas variações com a finalidade de enriquecer a capacidade de
representação do modelo inicial. Aqui podem-se considerar três tipos de subclasses:
. extensões que têm o poder de representação de máquinas turing (RdP com arcos
inibidores e RdPs prioritárias);
· extensões que permitem a modelagem de RdPs híbridas e RdPs contínuas;
. extensões correspondentes a modelos que descrevem o funcionamento de sistemas cuja
evolução vai depender de eventos
externos e/ou tempo (RdP sincronizada, RdP temporizada e RdPs estocásticas). Aqui nem
todas as propriedades de uma RdP
Ordinária são mantidas.
Tipos
Abreviações:
a) RdP Generalizada
É uma RdP onde pesos (inteiros estritamente positivos) são associados aos arcos. Em
geral todas as RdPs Generalizadas podem ser transformadas em RdPs Ordinárias, já que as
propriedades das RdPs Ordinárias podem ser adaptadas para as RdPs Generalizadas.
b) RdP Colorida
Nas RdPs Coloridas, a cada ficha é atribuído uma cor diferente (Jensen 1980,1986). Elas
formam uma categoria de Redes cuja percepção intuitiva é menos clara do que as RdPs
Generalizadas. Elas são de grande valor para a modelagem de certos sistemas complexos.
c) RdP com Capacidade Finita
É uma RdP onde a cada lugar é associado uma capacidade dada de fichas. O disparo de uma
transição de entrada pi, cuja
capacidade Cap (pi) é somente possível se o disparo desta transição não resulta num
número de fichas em pi que exceda esta
capacidade.
Extensões:
a) RdP com Arcos Inibidores
Quando duas transições estão em conflito, a priorização é um problema comum numa
RdP. Para dar solução ao mesmo,
aumentando assim o poder de modelagem das RdPs (Peterson1981) foram criados os arcos
inibidores.
Um arco inibidor é um arco dirigido que une um lugar a uma transição.
b) Redes de Petri Contínuas
A característica principal em relação às RdPs é que a marcação de uma posição é
um número real (positivo) e não mais um
inteiro. Sendo o disparo de uma transição realizado como um fluxo continuo. Estas redes
representam sistemas que não podem ser modelados por RdPs Ordinárias, obtendo um modelo
muito apropriado também quando o número de marcações de uma RdP Ordinária torna-se
muito grande.
c) Rede de Petri Híbrida
Este é um novo modelo apresentado pela primeira vez por Le Bail em 1991 (David1994). Esta
rede é formada tanto por lugares e transições discretas quanto lugares e transições
contínuas.
As abreviações e extensões mostradas até aqui são RdPs as quais só permitem uma
abordagem qualitativa. As seguintes
extensões que daremos a conhecer em continuação, permitem descrever, não só o que
acontece no sistema modelado, mas
também quando os eventos acontecem. Estas RdPs permitem portanto que sistemas sejam
modelados quando os disparos das
transições são sincronizados por eventos externos, e/ou cujas evoluções são
dependentes do tempo. Este tipo de extensões são também conhecidas na literatura como
RdPs não autônomas.
d) Redes de Petri Sincronizadas
Numa RdP autônoma, sabe-se que uma transição pode ser disparada se ela é habilitada,
mas não sabemos quando ela será
disparada. Numa RdP Sincronizada, um evento é associado a cada transição, e o disparo
desta transição acontecerá se a
transição estiver habilitada e quando o evento associado ocorrer.
e) Rede de Petri T-Temporizada
Apresentada por Ranchandani em sua tese de Doutorado em 1973 no MIT, associa a cada
transição da rede um único parâmetro temporal (sua duração de disparo).
Um tempo, possivelmente de valor zero, é associado com cada transição.
Desde que uma transição torna-se habilitada, seu disparo absorve as fichas
correspondentes desde cada uma dos seus lugares de entrada, as quais permanecem na
transição durante o tempo da execução do disparo. Quando a duração do disparo
termina, então as fichas são depositadas em cada lugar de saída da transição.
f) Rede de Petri P-Temporizada
Contrário ao modelo de Ranchandani, associa a cada lugar um tempo possivelmente de valor
zero.
Quando uma ficha é depositada no lugar, a mesma deverá permanecer no mínimo um tempo
neste lugar (esta ficha é dita ser
indisponível por este tempo). Quando o tempo decorreu, as fichas então tornam-se
disponíveis. Somente fichas disponíveis são consideradas para habilitar condições.
g) Rede de Petri Estocástica
Em RdPs Temporizadas, uma duração fixa (geralmente constante, pudendo ser também
variável), é associada com cada lugar ou transição da rede, é o caso por exemplo dos
sistemas de produção, onde o tempo de trabalho de uma máquina para realizar uma
determinada operação é constante. Porém existem casos, onde ela não pode ser modelada
com durações constantes; sendo este caso por ex.: o tempo de funcionamento real entre 2
Breakdowns de uma máquina. Esta duração pode ser modelada por uma variável random.
Redes de Petri Estocásticas podem ser usadas neste caso (Hatono1991; Molloy1982,
Molloy1985). Aqui um tempo random é associado com o disparo de cada transição, onde o
tempo é geralmente distribuído segundo uma lei exponencial.
h) Rede de Petri Temporal
Esta RdP foi criada por Merlin (1974) a qual consiste na atribuição de um intervalo de
tempo [Tmin, Tmáx] de disparo para cada ti<Picture: [Image]>T. Neste caso:
Tmin = Tempo mínimo de espera para ti poder disparar após habilitar-se.
Tmáx = Tempo máximo em que ti pode disparar após habilitado.
Tem-se então que se ti<Picture: [Image]>T é habilitado no instante <Picture:
[Image]>, ela só pode disparar entre [Tmin +
<Picture: [Image]>, Tmáx + <Picture: [Image]>].
Noutras palavras, uma transição deve permanecer sensibilizada durante a espera mínima
Tmim antes de poder ser disparada, e
não pode disparar além da espera máxima Tmáx. O disparo de uma transição tem
duração nula, hipótese essencial ao
funcionamento deste modelo de RdP.
Neste caso da RdP Temporal, a sua análise é bastante difícil devido a grande quantidade
de estados.
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