A administração geral é um tema amplo que trata de vários aspectos da gerência de
processos continuados de uma empresa. Dentre outros tópicos, inclui:
Contabilidade e finanças, marketing e vendas, pesquisa e desenvolvimento,
fabricação e distribuição.
Planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional.
Estruturas organizacionais, comportamento organizacional, administração de pessoal,
compensação, benefícios, e planos de carreira.
Gerência das relações de trabalho através de motivação, delegação, supervisão,
desenvolvimento de equipes, gerência de conflitos e outras técnicas.
Auto gerenciamento através da gerência do tempo pessoal, gerência de stress e
outras técnicas
As habilidades da gerência de projetos se fundamentam em muitos dos conceitos da
administração geral. Estas habilidades gerais são freqüentemente essenciais para o gerente
de projeto. Em um dado projeto, ter habilidades em algumas áreas da administração geral
pode ser um pré-requisito. Esta seção descreve as principais habilidades da administração
geral que tendem a influenciar fortemente a maioria dos projetos,
e que não serão tratadas em outra parte do PMBOK. Estas habilidades estão bem documentadas na
literatura sobre administração geral e sua aplicação é fundamentalmente a mesma em um
projeto.
Existem também algumas habilidades da administração geral que são relevantes
apenas em determinados projetos ou em certas áreas de aplicação. Por exemplo, a
segurança para os membros da equipe é crítica, em praticamente todos os projetos de
construção civil, mas é pouco relevante para a maioria dos projetos de desenvolvimento
de software.
2.4.1 Liderança
Kotler [4] distingueliderança e gerência embora enfatize a
necessidade de ambas: uma sem a outra tende a produzir resultados ruins. Ele afirma que a
gerência se preocupa, antes de mais nada, em “produzir resultados que atendam, de forma
consistente, as principais expectativas dos partes envolvidas,” enquanto liderança envolve:
Estabelecer direção - desenvolver ao mesmo tempo uma visão de futuro e as
estratégias de mudanças para atingir esta visão.
Alinhar pessoas - comunicar esta visão, através de palavras e ações, às pessoas
cuja cooperação possa ser necessária para atingir a visão.
Motivação e inspiração - ajudar as pessoas a adquirirem energia para superar
resistências a mudanças que podem ser de caráter político, burocrático e
relacionadas a recursos.
Em um projeto, especialmente em um grande projeto, espera-se do gerente do
projeto que ele seja também o líder. A liderança, contudo, não é limitada ao gerente do
projeto: ela pode ser manifestada por diferentes indivíduos, em diferentes situações do
projeto. A liderança necessita ser demonstrada em todos os níveis do projeto (liderança
do projeto, liderança técnica, liderança de equipe).
2.4.2 Comunicação
Comunicar envolve troca de informação. O emissor é responsável por tornar a
informação clara, coerente e completa, permitindo que o receptor a receba corretamente.
O receptor é responsável por garantir que a informação foi recebida de forma integral e
entendida corretamente. A comunicação tem diversas dimensões:
Oral e escrita, falada e ouvida.
Interna (dentro do projeto) e externa (ao cliente, à mídia, ao público, etc).
Formal (relatórios, resumos, etc) e informal (memorandos, conversas diretas, etc).
Vertical (para cima e para baixo na organização) e horizontal (entre pares e
organizações parceiras).
A habilidade de comunicação, descrita na administração geral, está relacionada com a
Gerência de Comunicações do Projeto (descrita no Capítulo 10), mas não é
exatamente o mesmo. A comunicação é um tema abrangente e requer um corpo de
conhecimento substancial não exclusivo ao contexto de projeto, por exemplo:
Modelos emissor-receptor – ciclos de feedback, barreiras à comunicação, etc.
Escolha de meio - quando comunicar por escrito, quando comunicar de forma oral,
quando escrever um memorando informal, quando escrever um relatório formal, etc.
Estilos de redação - voz passiva ou voz ativa, estrutura da frase, escolha das
palavras, etc.
Técnicas de apresentação – linguagem da corporação, desenho dos visuais de
suporte, etc.
Técnicas de reuniões - preparação de agenda, tratamento de conflitos, etc.
A Gerência de Comunicações do Projeto é a aplicação destes conceitos abrangentes
às necessidades específicas do projeto; por exemplo, decidir como, quando, de que
forma e a quem reportar o desempenho do projeto.
2.4.3 Negociação
Negociar significa discutir com outros com o objetivo de se chegar a um acordo. Os
acordos podem ser negociados diretamente ou com auxílio de uma terceira parte;
mediação e arbitragem são dois tipos possíveis da negociação assistida.
Negociações ocorrem em torno de diversas questões, em diversos momentos e em
vários níveis do projeto. Durante o andamento de um projeto típico, a equipe do projeto
tende a negociar por algumas ou todas as questões seguintes:
Objetivos de escopo, custo e cronograma.
Mudanças de escopo, custo e cronograma.
Termos e condições contratuais.
Designações.
Recursos.
2.4.4 Solução de Problemas
Solucionar problemas envolve uma combinação entre definição do problema e tomada de
decisão.
A definição do problema requer diferenciação entre sintomas e causas.
Os problemas podem ser internos (um funcionário chave foi designado para outro projeto) ou
externos (uma solicitação para início do trabalhos não é respondida). Podem ser de natureza
técnica (diferenças de opiniões sobre a melhor forma de especificar o produto), gerencial
(um grupo funcional não está produzindo de acordo com o plano) ou interpessoal
(confronto de estilos e personalidades).
A tomada de decisão, consiste em analisar o problema para identificar
possíveis soluções e, então, fazer a escolha dentre as mesmas. Pode-se tomar decisões por conta
própria ou obtê-las de outra parte (do cliente, da equipe, do gerente funcional). Uma vez
definidas, as decisões devem ser implementadas. Decisões também têm relação com a
variável tempo - a decisão “certa” pode não ser a “melhor” se for tomada muito cedo ou
muito tarde.
2.4.5 Influência na Organização
Influenciar a organização envolve a habilidade de “conseguir que as coisas sejam
feitas”. Isto exige o entendimento das estruturas formais e informais de todas as organizações
envolvidas - a organização executora, o cliente, parceiros, empreiteiros e muitos outros . Influenciar
a organização também exige entendimento dos mecanismos de política e poder.
Política e poder são usados aqui no sentido positivo. Pfeffer [5] define poder
como “a capacidade potencial de influenciar comportamento, de modificar o curso dos
acontecimentos, de vencer resistências, e conseguir que as pessoas façam coisas que de
outra forma não fariam”. De forma similar Eccles [6] afirma que “política é conseguir
ações coletivas de um grupo de pessoas que podem ter interesses bastante diferentes. É ter
a capacidade de usar conflito e desordem de forma criativa”. O sentido negativo, é claro,
deriva do fato de que tentativas de conciliar estes interesses resultam em lutas de poder e
jogos organizacionais que podem, eventualmente, conduzir a uma completa
improdutividade.