TEÓRICOS DESPREZAM TEATRO DO POVO


A questão relativa aos temas encenados, tem sido um dos pontos onde alguns teóricos se baseiam para negar à estas manifestações dramáticas, o status de teatro. Marco Camarotti vai buscar no próprio teatro convencional argumentos para contrapor est a objeção. "Quantas montagens de Hamlet, Édipo Rei, Antígona, entre tantos outros clássicos da dramaturgia universal, não tivemos oportunidade de assistir, sempre com o mesmo interesse e entusiasmo, apesar de já conhecermos todo o enredo da peça", indaga .
Para o estudioso, esta tentativa de ignorar o teatro feito pelo povo é fruto de uma postura aristocrática, personificada por intelectuais como o inglês Alex Helm. Helm classifica estas formas como ritual, cerimônia, celebração, dança mas nunca tea tro.
Influências perniciosas também exercem os que vivem anunciando a morte da cultura popular. Para o pesquisador estes "funerólogos" de plantão são incapazes de aceitar as transformações da cultura popular que, como a erudita, é dinâmica e, portanto, passí vel de receber influências da sociedade que a abriga. "Nenhuma forma de cultura subsiste em redomas. Isso foi uma das coisas que mais me instigaram a realizar esta pesquisa. Este tipo de manifestação artística terá sempre quem a pratique e a aprecie em to das as partes do planeta", assegura Camarotti. Segundo ele, o melhor caminho para o teatro convencional contemporâneo é novamente debruçar-se sobre este teatro praticado pelo povo e não dar-lhe as costas como muitos insistem em fazer. "Quem sabe as famosa s crises que o teatro praticado por artistas eruditos têm atravessado não signifiquem também um pouco o resultado deste desdém com o teatro do povo, ao longo dos tempos, a principal fonte realimentadora do teatro sofisticado".
Ricardo Bigi de Aquino
"Quem sabe as famosas crises que o teatro praticado por artistas eruditos têm atravessado não signifiquem também um pouco o resultado deste desdém com o teatro do povo , ao longo dos tempos, a principal font de realimentadora do teatro sofisticado", Marco Camarotti.
Para Camarotti as mudanças, às vezes, se processam de forma muito lenta, mas nunca há estagnação. Portanto, não se pode cobrar dos artistas populares atuais determinados comportamentos e posturas que são típicos de seus antepassados. "A quadrilha, por exemplo, na forma como ela é dançada atualmente nos principais centros urbanos do Nordeste, é algo totalmente diferente do que se observava há 20 anos.


RESISTINDO AS CRISES
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