Definimos a arquitetura de negócio como um conjunto de elementos organizado com relacionamentos claros entre si, que
juntos formam um conjunto definido por sua funcionalidade. Os elementos representam a estrutura organizacional e
comportamental de um sistema de negócio e mostram as abstrações dos processos e estruturas chave do negócio [NDL97], [ERI00].
Pessoas diferentes possuem experiências e perspectivas diferentes. Ao tentar obter uma compreensão comum de algo tão
complexo quanto a organização, incluindo seus processos, estrutura e estratégia, precisamos de uma maneira de descrever
os problemas de arquitetura arquiteturalmente significativos de forma que sejam entendidos por cada grupo impactado.
Isso é feito descrevendo três arquiteturas diferentes porém relacionadas, como mostrado e descrito posteriormente neste
documento.
Arquitetura de negócio é uma descrição dos aspectos significativos da organização. Arquitetura do
aplicativo é uma descrição dos aplicativos de software que suportam o negócio, incluindo como esses aplicativos são
utilizados e como interagem uns com os outros. Arquitetura técnica é uma descrição da infra-estrutura de
hardware que suporta os aplicativos de software.
A arquitetura de negócio deve controlar a arquitetura do aplicativo, que por sua vez deve controlar a arquitetura
técnica. Isso não implica em um relacionamento hierárquico em que a arquitetura de negócio é prescrita para a
arquitetura do aplicativo e a arquitetura do aplicativo é prescrita para a arquitetura técnica. Mais propriamente,
significa que as metas e restrições (denominadas drivers) são comunicadas em uma direção, e quaisquer decisões
arquiteturais (denominadas tradeoffs) que afetam a arquitetura de controle devem ser tomadas no nível da arquitetura de
controle. Uma meta arquitetural implica em uma condição desejada, enquanto uma restrição arquitetural implica em
conformidade obrigatória. Entretanto, até mesmo as restrições podem ser intencionalmente ignoradas. Por exemplo, uma
restrição que requeira que o negócio esteja em conformidade com uma determinada legislação pode ser ignorada porque o
custo para fazer as alterações necessárias para a conformidade excedem muito as multas incorridas pela não
conformidade.
A definição da arquitetura abrange equilibrar forças e fazer tradeoffs para criar uma solução que satisfaça de forma
ideal os requisitos conflitantes. Isso significa que a arquitetura de negócio define as metas e restrições que
descrevem o suporte que ela requer da arquitetura do aplicativo. O mesmo se aplica ao aplicativo e à arquitetura
técnica. Quando surgirem conflitos, como sempre ocorre, será necessário encontrar as soluções menos adequadas
localizadas para assegurar uma solução geral ideal. Quando essas decisões tiverem um grande impacto, elas serão
denominadas problemas arquiteturais e deverão ser formalmente acordadas pelos investidores representados por um
conselho de arquitetura.
Essas diferentes arquiteturas devem ser sempre consideradas ao comunicar com os investidores. Discutir apenas uma delas
com uma pessoa que não entenda seu formato, aplicativo ou notação resulta em comunicação ineficaz. Ademais, isso pode
fazer com que a pessoa entenda mal as conseqüências de suas decisões relacionadas a outras arquiteturas. O impacto das
decisões em uma das arquiteturas deve ser convertido em outras arquiteturas. Isso ajuda os investidores a entenderem as
vantagens e desvantagens de tradeoffs, o que leva ao alinhamento arquitetural. O alinhamento arquitetural ajuda-nos a
entender as conseqüências das decisões.
A arquitetura de negócio é o que usamos para nos comunicarmos com diferentes investidores sobre o negócio para
assegurar uma compreensão comum e consistente. Podemos descrever a arquitetura de negócio como a estrutura na qual
fazemos as alterações na organização para permitir que o negócio realize enfim a idéia do negócio, como mostra a
figura.
Como a arquitetura de negócio é complexa e difícil de medir, a dividimos em uma série de diferentes visualizações. A
maior parte da arquitetura de software é definida em Conceito:
Arquitetura de Software, as visualizações arquiteturais do negócio serão definidas aqui.
Cada visualização descreve um aspecto do negócio todo. Portanto, ela contém um subconjunto arquiteturalmente
significativo do que seria uma definição completa. Em outras palavras, uma visualização arquitetural contém os 20% que
realmente interessam para esse aspecto do negócio [ROY98].
As visualizações arquiteturais são úteis na discussão da arquitetura de negócios com diferentes investidores. Como cada
investidor possui uma ou várias visualizações que sejam de interesse particular, ele poderá concentrar-se nos aspectos
da organização que estejam associados a essas visualizações, de modo que não será necessário entender algo mais.
Observe que nem todas as visualizações se aplicam a todas as situações. Algumas visualizações poderão ser ignoradas se
não adicionarem nenhum valor e, às vezes, poderá ser necessário definir novas visualizações. Aqui estão algumas
visualizações arquiteturais típicas do negócio:
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Visualização de Mercado descreve os mercados nos quais o negócio opera, os perfis e ofertas dos clientes ou
os produtos e serviços que o negócio oferece aos clientes nos mercados alvo.
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Visualização do Processo de Negócio descreve as metas significativas do negócio e esboça os casos de uso de
negócios principais que suportam essas metas. Quando os casos de uso de negócios são utilizados para
documentar processos de negócios, essa visualização é denominada Visualização de Caso de Uso de Negócios.
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Visualização da Organização descreve os agrupamentos de funções e responsabilidades do negócio e a
realização de casos de uso de negócios.
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Visualização de Recursos Humanos descreve os perfis de remuneração e mecanismos de incentivo,
características e mecanismos culturais principais, perfis de competência e mecanismos de educação e treinamento.
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Visualização Domínios descreve os principais conceitos de negócio e estruturas de informações utilizados
pelo negócio.
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Visualização Geográfica descreve a distribuição de estrutura organizacional, função e recursos em
locais físicos como cidades e países.
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Visualização de Comunicação descreve os caminhos de comunicação do negócio.
Mapeamento das Visualizações do Negócio para Pontos de Visualização do Negócio
Os Pontos de Visualização do RUP estão descritos em Conceito:
Arquitetura do Sistema. Esses pontos de visualização geralmente aplicam-se ao desenvolvimento do sistema. Quando o
'sistema' em consideração é um negócio, as Visualizações Arquiteturais do Negócio formam uma especialização mais
pertinente dos pontos de visualização genéricos. A tabela a seguir mostra como eles estão relacionados. Observe que as
Visualizações Arquiteturais do Negócio, pelas definições oferecidas em Conceito:
Arquitetura do Sistema, em alguns casos abrangem várias visualizações (em que uma visualização é a inserção do
ponto de visualização e do nível de abstração).
Visualizações Arquiteturais do Negócio
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Pontos de Visualização do RUP
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Visualização de Mercado
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A visualização do mercado define, pelo menos parcialmente o contexto do negócio - ela concentra-se
nos produtos e serviços reais e potenciais oferecidos aos clientes nos mercados escolhidos. Ela é
mapeada na interseção do Ponto de Visualização Lógico e o Nível de Contexto. Com a
finalidade do Produto de Trabalho: Documento da Arquitetura de
Negócio, a Visualização de Mercado está limitada aos fatores que causam impacto à arquitetura e às
áreas onde as alterações na arquitetura afetariam o desempenho nos mercados escolhidos.
Uma discussão mais generalizada de mercados e a análise racional das escolhas de estratégia de negócio
são encontradas em Produto de Trabalho: Visão de Negócios.
A Visualização de Mercado pode ser utilizada para definir o novo Produto de Trabalho: Metas de Negócio, que por sua
vez, pode influenciar a Arquitetura de Negócio.
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Visualização do Processo de Negócios
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Esse mapeamento é direto - para a interseção do Ponto de Visualização do Processo e o Nível de
Contexto.
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Visualização da Organização
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A visualização da organização refere-se à maneira com que o negócio está estruturado para realizar casos de
uso de negócios, e não às hierarquias e redes posicionais ou de equipe. Por exemplo, você
esperaria ver as colaborações do Produto de Trabalho: Sistemas de Negócio nessa
visualização. Ela, portanto, mapeia a interseção do Ponto de Visualização Lógico e o Nível de
Análise.
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Visualização de Recursos Humanos
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A visualização de recursos humanos estende o Ponto de Visualização do Trabalhador, potencialmente
em todos os níveis, mais significativamente no Nível de Contexto em que a política é definida,
porém nos Níveis de Análise e Design também com, por exemplo, o aplicativo de perfis
de competência.
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Visualização Domínios
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A visualização Domínios mapeia razoavelmente bem na interseção do Ponto de Visualização de
Informações e o Nível de Contexto.
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Visualização Geográfica e Visualização de Comunicação
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Essas visualizações juntas mapeiam a interseção do Ponto de Visualização de Distribuição e o
Nível de Contexto (a Visualização de Localidade Corporativa), com as localidades
relacionadas ao aspecto geográfico e os conectores relacionados ao aspecto de comunicação.
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